15 de ago. de 2014

Resenha: Zaltana - Zaltana (CD)

Independente
Nota 9,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia

Bem, é costume se esperar grandes coisas de uma banda quando em suas fileiras existe algum músico reconhecido por trabalhos prévios. Às vezes, surge aquele gosto amargo de decepção tão grande quanto a expectativa, e em muitos casos, a sensação é prazeirosa. Agora, surge um novo caso, o da surpresa de bom gosto, como é o caso do ZALTANA, banda de São Paulo, que nos brinda com um ótimo disco, auto-intitulado.

Vemos a presença de Tito Falaschi, irmão de Edu, reconhecido por seus trabalhos como produtor musical e em bandas como SYMBOLS e KARMA, nas baquetas (e ainda gravou baixo e vocais), o que já causa nos fãs uma idéia inicial do que estamos por ouvir, mas não esqueçam que ainda temos Mischa Marmade (vocais), e os guitarristas Hilton Torres e Dann Feltrin (que ainda ajudam nos backing vocals), todos ótimos músicos e com grande experiência. E esqueçam qualquer concepção prévia antes de ouvir o disco, já que vemos uma mistura de várias influências musicais unidas de forma harmoniosa, criando um disco diferenciado e com musicalidade bem moderna. Vocais que oscilam entre o feminino mais melodioso, mais suave e alguns urros guturais, mais um trabalho de guitarras fantástico, baixo e bateria com técnica e peso na medida, em um nível de composição bem elevado. E para ser bem sincero, é extremamente original.

Os arranjos são bem cuidados, as músicas oram soam mais agressivas e secas, ora mais melodiosas e grandiosas, e outras tem elementos mais intimistas. E isso quando eles não misturam tudo em uma mesma canção, mantendo nível técnico bem alto, mas sem buscar ser algo que supere a necessidade de fazer música. Ou seja, nada de aulas instrumentais ou exibições pessoais de técnica, sempre se focando mais no aspecto musical como um todo. E justamente por isso que "Zaltana" nos soa tão bem aos ouvidos, embora por sua proposta sonora bem inovadora seja mais difícil para muitos digerirem. Mas depois que acostumarem-se, é vício certo.

Zaltana
A produção do CD está de alto nível (óbvio, não é? Tito não é conhecido por produções perfeitas à toa), com cada instrumento apresentando ótimos timbres, os vocais aparecendo perfeitamente, tudo muito claro, mas bem pesado e intenso. Um fruto da produção no Estúdio IMF, mais a mixagem feita por Jochem Jacobs nos Split Second Sound Studio, em Amsterdan (Holanda). A arte, um pouco simples e até de certa forma já bem usada, instiga e oculta a impressão inicial do ouvinte.

"2 Can Play This Game" abre o disco com riffs agressivos e modernos, além de vocais guturais e ótimos backings, até que as vozes começam a se intercalar, e ótimo refrão. Em "Skullface", uma canção um pouco mais suave (UM POUCO, por favor!), vemos a presença mais uma vez de ótimos vocais alternados e um trabalho muito bom de baixo e bateria (essa base rítmica arrasa!). Já "Always Left Behind" é uma canção mais intimista, quase uma balada, com peso e adrenalina próximo ao refrão, onde surgem vocais guturais e ótimos riffs mais uma vez, fora solos mais macios, e "Quid Pro Quo" tem um andamento empolgante, voltando à mistura de peso, agressividade e melodia de antes. Ao ouvir "Heartstrings", temos a clara impressão de ser uma música um pouco mais acessível no início, com base rítmica bem trabalhada e vocais muito bem encaixados nas linhas harmônicas. "Hungry for Life" é uma tijolada bem brutal nos ouvidos, onde mais uma vez o traço forte é a versatilidade dos vocais, onde mais um ótimo refrão nos envolve. Certa influência de Thrash Metal à lá PANTERA dá as caras (como em vários pontos do disco) em "Sovereign", mesmo com sua forte dose de melodia, e é bem evidente a bateria dando um espetáculo com tempos não muito convencionais, mesmos elementos encontrados na modernosa e ganchuda "Terminal Speed". Em "Outliars", que começa lenta e intimista, temos outra paulada bem técnica e com ótimos riffs. Fechando com chave de ouro, a ríspida e de velocidade alternada "Dukkha-Satya", onde mais uma vez tempos quebrados surgem e fazem dela um encerramento perfeito (e para os que não conhecem o termo, "Dukkha-Satya" quer dizer "a verdade do sofrimento", um conceito que está embutido nas Quatro Nobres Verdades de Buda).

Ótimo disco, uma bela estréia, que mostra que o ZALTANA tem um futuro promissor e que merece toda a atenção dos nossos ouvidos. Bem como o investimento em uma cópia física.




Tracklist:

01. 2 Can Play This Game 
02. Skullface 
03. Always Left Behind 
04. Quid Pro Quo 
05. Heartstrings 
06. Hungry for Life 
07. Sovereign 
08. Terminal Speed 
09. Outliars 
10. Dukkha-Satya


Banda:

Mischa Marmade - Vocal 
Hilton Torres - Guitarra e vocal 
Dann Feltrin - Guitarra e vocal 
Tito Falaschi - Bateria, baixo e vocal


Contatos:

Brasil Music Press (Assessoria de Imprensa)
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