5 de dez. de 2014

Super Metal e uma Super Banda – Entrevista com o Immortal Guardian




Por Marcos “Big Daddy” Garcia


Quando se fala em Power Metal, em geral as pessoas têm uma visão bem limitada do que realmente ele o é, mas após a explosão ocorrida entre o final dos anos 90 e o início da década passada, houve uma esfriada. Mas interessante é vermos uma banda jovem do estilo surgir em plena terra do Tio Sam, onde o Alternativo e o Metalcore imperam. Sim, estamos falando do IMMORTAL GUARDIAN, uma super banda que não só faz Power Metal, mas cria um novo híbrido, lançando mão de elementos extremos e de outros gêneros ao seu bel prazer criativo. 

Chamados por seus fãs de “Super Metal”, esse quinteto tem ganhado aplausos da crítica especializada e público, e agora estão lançado seus esforços por todo mundo, dispostos a abrirem as portas para o sucesso, nem que seja na marra!

Aproveitando o momento em que seu EP “Revolution Part I” chega às lojas (inclusive por aqui), fomos bater um papinho com Carlos Zema, vocalista brasileiro que integra a banda, buscando saber mais sobre estes novos heróis e seus planos.


BD: Primeiro de tudo, gostaria de agradecer pela entrevista. A primeira pergunta é sobre o EP: como “Revolution Part I” tem sido recebido pelos fãs? Ele chega a estar abrindo mais portas para vocês que “Super Metal: Edition Z”?

CARLOS ZEMA: Obrigado você pela oportunidade Marcos. Sim, a aceitação do "Revolution Part I", foi bem melhor do que o "Super Metal – Edition Z", diga-se de passagem. O "Revolution Part I", foi SOLD OUT no Japão, vendemos praticamente a primeira prensagem nos Estados Unidos em apenas uma semana, e assim estamos com a mesma intensidade e os números só vem aumentando. Com certeza as portas estão sim se abrindo, de forma surpreendente.


BD: Uma pergunta bem interessante é o que seria o “Super Metal”, rótulo que os fãs costumam chamar o estilo de vocês? E sejamos bem sinceros: realmente o IMMORTAL GUARDIAN possui aspectos bem personalizados...

ZEMA: O "Super Metal" foi um estilo batizado pelos nossos fãs aqui dos Estados Unidos. Todos nós na banda somos fãs de vários estilos de Metal e com certeza tentamos incorporar isso em nosso som, ao máximo possível.


BD: Zema, esta é toda para você: você é brasileiro, então, como é ser o frontman de uma banda norte-americana? Não chegou a enfrentar certa resistência por este fator? E acredita que em suas futuras contribuições musicais possam trazer certos aspectos da música brasileira ao trabalho do IMMORTAL GUARDIAN? 

ZEMA: Cara, ser um brasileiro em uma banda americana, no mercado mais competitivo do mundo, com certeza é uma puta responsa. Cheguei a enfrentar alguns preconceitos no começo, mas hoje em dia conquistei, com muita sorte e trabalho duro, o meu espaço e respeito. Meu intuito é sim aplicar os meninos cada vez mais na música brasileira e, contudo, poder incorporar isso em nossa música sim.


BD: Falando do EP em si: por que apenas um EP, e não um disco inteiro? Sei que “Revolution Part II” deve sair em breve e vai suprir esta necessidade, mas realmente é curioso...

ZEMA: A intenção de ter lançado um EP, foi na verdade, inicialmente, uma ideia do Roy Z, que nos sugeriu lançar um material com menos músicas, com o propósito de trabalhar lançando dois EPs por ano ao invés de um disco completo por ano. Mas decidimos lançar um disco completo no "Revolution Part II". Vamos trabalhar de forma mais efetiva nesse material para conseguirmos uma consistência maior em termos de lançamento de trabalhos.



BD: Ainda, quais as maiores diferenças entre “Revolution Part I” e “Super Metal: Edition Z”? Você chega a perceber alguma diferença muito grande entre eles em termos musicais e como banda mesmo?

ZEMA: Como banda, eu diria que o "Revolution Part I", comparando-se ao "Super Metal - Edition Z", é um disco muito mais maduro, mesmo sendo um pouco mais tradicional em termos de estilo, mas em minha opinião a banda está muito mais coesa e sólida. Pecamos um pouco em termos de produção no "Super Metal" e, em termos gerais, o público gostou mais do "Revolution Part I", com certeza.


BD: Roy Z produziu o EP, e fez um trabalho ótimo, se bem que ele é o Rei Midas do Metal em termos de produção (risos)... Como ele foi escolhido para trabalhar com vocês, e como foi o ter por perto? E já que ele deu uma bela de uma participada em “Immortal”, como foi que surgiu a ideia dele tocar com vocês? 

ZEMA: Eu e o Roy somos grandes amigos e eu já o conheço há anos. Já pensávamos em trabalhar juntos, e quando eu sugeri que poderíamos trabalhar juntos no IMMORTAL GUARDIAN, ele mostrou bastante interesse e nos fez uma proposta irrecusável. A ideia de tê-lo tocando conosco em uma música, foi inevitável. Ter a participação dele no disco foi realmente uma grande honra.


BD: outro fator legal do IMMORTAL GUARDIAN é o fato de ter músicos notáveis como Gabriel Guardian nos teclados e guitarras (um dia, ainda vou descobrir como ele consegue tocar assim!), além de Jyro Alejo na outra guitarra, sendo que ambos são bem reconhecidos no meio, além de você mesmo, Zema, que tem uma penca de ótimos trabalhos, mas a música da banda não soa como um todo, forte e pesada. Como é administrar tanta técnica, mas sem perder a noção de uma unidade? 

ZEMA: Bom, essa unidade, em minha opinião, é apenas fortalecida com técnica. Mas eu entendo seu ponto de vista. Tentamos acrescentar muito feeling, ao mesmo tempo que aplicamos muita velocidade e passagens muito técnicas. Contudo, no "Revolution Part I", tentamos manter uma pegada bem tradicional, especialidade do Roy. E em termos de estilo, tentamos manter a produção do disco bem fiel ao que o Roy fez nos anos de ouro do Bruce Dickinson. Para o "Revolution Part II", já estamos buscando algo diferente com o Roy. 


BD: Essa é venenosa: em “Beyond the Skies”, há uma citação interessante, que é “Libertas Qua Sera Tamen”, ou seja, “Liberdade Ainda que Tardia”, lema da Inconfidência Mineira, evento histórico particular do Brasil. E toda a idéia da letra nos remete diretamente à questão da luta pela liberdade em um contexto amplo e subjetivo. Há alguma ligação explícita da letra com o referido movimento, ou é mais uma referência em meio a tantas outras?

ZEMA: Na verdade, a referência foi em forma de uma homenagem ao Brasil, e eu sempre procuro fazer uma referência. De fato, a “Beyond the Skies”, é sim uma música que trata da conquista pela liberdade. A referência à Inconfidência Mineira foi uma referência à verdadeira liberdade, e não à liberdade pregada pelo governo norte-americano. Dessa forma, fizemos uma analogia com a letra da música de uma forma bem ampla, tratando-se da liberdade que lutamos em nosso dia-a-dia. Um verdadeiro motivo para que possamos nos unir e conquistá-la por definitivo.


BD: Ainda falando em “Beyond the Skies”, o lyric video ficou muito interessante nesse formato, usando cenas da banda ao vivo, mas surgindo também a letra da canção. Como foi que tiveram essa idéia? E particularmente, não me lembro de outras bandas usando esse expediente. Até nisso, vocês querem inovar? (risos)

ZEMA: De fato queríamos lançar um vídeo com letras, o que parece ser bem efetivo em termos da aproximação do público e das nossas letras, que é o que prezamos muito. Ao investigar mais de perto outros "lyric vídeos", encontramos alguns bem interessantes, mas decidimos lançar o nosso com as imagens ao vivo, para não participar do clichê e ao mesmo tempo para ficar mais interessante para os espectadores. 


BD: Bem, já que falamos em letras, existiria um tema central, uma mensagem única, por trás delas? E se sim, qual seria esse tema? 

ZEMA: Cada música da banda abrange certamente um tema diferente, apesar de que, tanto o "Revolution Part I", quanto o "Revolution Part II", fazem parte de uma sequência de temas relacionados com "revoluções". Essas, diversificam-se em suas diretrizes, mas sempre tratam, de certa forma, de um tipo de revolução. Carregamos esse tema nos dois discos, para retratar a cena mundial atual e nossos conflitos diários.


BD: Zema, sei que este assunto deve ser meio chato, mas você foi um dos que rechaçou completamente Jack Endino e as declarações duras dele contra bandas brasileiras que cantam em inglês. No fundo, é até estranho ele falar nisso, já que ele produziu o “Titanomaquia”, do TITÃS, e não creio que ele fale português. E como você é brasileiro e canta em um inglês perfeito, acho que ele não só errou feio, mas perdeu a chance de ficar quieto. Acha que essa forma dele pensar é mais abrangente do que sabemos, ou seja, que outros profissionais da área da música, pensam assim? E que tal um dia mandarmos uma cópia do “Revolution Part I” para ele? Pelo menos, ele veria que um brasileiro canta bem melhor e mais inteligível que o Kurt (risos)!

ZEMA: Bom, de certa forma, eu acho que o criticismo de Endino foi precipitado e não vejo de forma alguma como isso poderia ter sido construtivo. E uma crítica, em minha humilde opinião, que não está fundamentada em nenhuma forma de acrescentar, deveria ser evitada. Apenas por que não se justifica ou se caracteriza, uma nação e um estilo, tendo como exemplos as bandas ou artistas ruins e medíocres. Isso, sinceramente, pra mim, soou como um depoimento de um músico frustrado e não de um produtor renomado.


BD: Acima, falamos de “Revolution Part II”, então, que tal nos falar alguma coisinha sobre ele? Tudo bem, sabemos bem que existem segredos que só quando ele sair poderão ser ditos, mas a curiosidade é enorme (risos)!

ZEMA: O "Revolution Part II", está mais pesado, mais diverso e mais interessante do que o "Revolution Part I". Em minha opinião, haverão várias surpresas em termos de timbragem e de vocalizações. O disco trará mais vocais agressivos do que o "Revolution Part I", o que para muitos isso pode agradar. Veremos! :)


BD: E em termos de shows, a quantas andam as coisas para o grupo por aí? Alguma tour em vista pelos EUA, Europa e Japão? E quando teremos a honra de assistir o IMMORTAL GUARDIAN no Brasil? E já sabe que vou levar minha cópia do “Revolution Part I” para autografar, não é (risos)?

ZEMA: A banda está tocando muito aqui nos Estados Unidos e estamos constantemente viajando para tocar em muitos lugares. Estamos prevendo uma tour pela costa oeste dos Estados Unidos para o primeiro semestre de 2015 e, ao mesmo tempo, estaremos começando as gravações do "Revolution Part II" nesse período. O disco está todo escrito e pré-produzido. Os membros da banda possuem projetos paralelos e combinamos de podermos investir nos mesmos de agora até o fim do ano. Assim como, estarei no Brasil fazendo um show de aniversário da minha antiga banda, Heaven’s Guardian. 



BD: Bem, agradeço demais por suas palavras, e que tal mandar sua mensagem aos nossos leitores, esse público que somente agora está descobrindo o IMMORTAL GAURDIAN? O espaço é seu.

ZEMA: Muito obrigado, primeiramente, a você que leu essa entrevista até aqui. Queria mandar um grande alô para todos os fãs de Heavy Metal do Brasil, e dizer que mesmo com todas as tendências e modismos, ainda confiamos que nosso bom e velho Heavy Metal prevalecerá, acima de tudo. Muito obrigado pelo espaço no Metal Samsara e por vocês acreditarem em nossa música favorita! :)

Me desculpem, por favor, os que não concordam com minha opinião. E assim como nosso som, ninguém é obrigado a nos engolir, muito menos a aceitar. Mas independente do estilo, fazemos com o coração e com a maior sinceridade do mundo. Tudo de bom pra vocês e sempre acreditem em seus sonhos. Só vocês podem torná-los realidade. Grande abraço.


Contatos:



Vejam o vídeo de "Beyond the Skies":



O Metal Samsara gostaria de agradecer a Carlos Zema pela entrevista e a Richard Navarro (da BMU/ASE Press Music) por tê-la tornado possível.
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