16 de mar. de 2015

Crucifixion BR – Destroying the Fucking Disciples of Christ (CD)

Nota 9,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



A tradição brasileira no Metal extremo é indiscutível. Podemos aferir que, em proporção, 65-70% das bandas do país estão ligadas aos gêneros mais extremados. Só que dentro de suas próprias subdivisões, algumas bandas ainda vão mais longe, usando de seu “range” de influências musicais para criarem trabalhos bem particulares, diferenciando-se assim daqueles que estão assentados no mais do mesmo (e sinto muito, mas a velha desculpa de “não queremos inovar” não é desculpa para a falta de personalidade). E é extremamente prazeroso ver surgirem bandas que ousam fazer algo diferente, como o CRUCIFIXION BR, de Rio Grande (RS). E após quase 20 anos de existência (estão na ativa desde 1996), depois de vários Demos, EPs e um disco ao vivo, a banda chega com seu primeiro álbum, “Destroying the Fucking Disciples of Christ”, que a Shinigami Records coloca no mercado brasileiro.

É preciso dizer que a dupla (por enquanto, não existe um baixista efetivado na banda) faz uma fusão bem pessoal de Black Metal com aspectos do Death Metal. E por “personalizado”, entenda-se que eles não seguem um padrão específico, inserindo elementos de outras vertentes do Metal sem medo. E assim, a música da banda soa como única e diferenciada. Vocais rasgados em timbres que lembram os de Ihsahn no início de sua carreira (e alguns guturais ótimos em alguns momentos), riffs e solos de guitarra ótimos, além de baixo e bateria em excelente forma e sem serem simplistas em termos técnicos, formando uma base rítmica sólida e pesada. Resultado: música extrema de primeiro nível, ora mais veloz e agressiva, ora mais cadenciada e tenebrosa.

Crucifixion BR
Sebastian Carsini e Márcio “Maxx” Guterres fizeram um trabalho muito bom na produção e na mixagem do disco. A banda soa agressiva e pesada, mas sem perder qualidade sonora. Tudo soa bem claro e audível, mas intenso e ríspido. E a arte de Mike Hell Poloni do estúdio Square Design ficou ótima, tanto para capa como para o design e layout como um todo.

Podemos dizer que os arranjos musicais da banda (que se perceberem, estão carregados de influências do Metal tradicional e do Thrash Metal em muitos pontos) nas composições e a escolha acertada de timbres nos instrumentos fazem com que as 12 faixas do CD (já que “War Against Christian Souls” é apenas uma introdução) soem brilhantes. E isso sem falar que a dinâmica de suas músicas não nos permite perder a atenção durante a audição, por um segundo que seja, seja nas faixas mais curtas ou nas mais longas (mas nenhuma delas acima dos oito minutos de duração).

Após “War Against Christian Souls”, temos a veloz e ríspida “Crucifixion”, com um trabalho de guitarras fora do comum, fora as ótimas mudanças de andamentos. Em “Eternal Judgement”, a banda começa de forma rápida, mas logo mostra um andamento um pouco menos acelerado, mostrando bons riffs e a bateria esbanja técnica, fora um belo momento acústico com violões e vocais extremos declamando muito bem. Em “Dead Generations”, temos uma canção mais variada em termos de andamento, e a influência do Thrash/Death nas guitarras fica bem evidente. Com belos violões sob o som de chuva e trovões, mais uma voz limpa em tons graves (quase como se o Country/Southern tivesse entrado no caldeirão de influências musicais do grupo), começa “End of a Life”, que logo ganha peso e agressividade, com mudanças de velocidade incríveis e a bateria mostrando técnica na condução dos tempos (e digamos que é o ponto mais forte da música). “Apocalyptic Sentence” já mostra um lado mais trabalhado sobre o peso e agressividade característicos do trabalho do grupo, dando leve toque de refinamento musical à canção, sem deixar que a aura soturna seja perdida. Um pouco mais direta que as anteriores é “Slaves of Christ”, com o andamento oscilando entre o lento e o tempo mediano, mais uma vez com baixo e bateria mostrando um trabalho memorável, mesmo elementos que encontramos na ótima “Future Memories of a Hell”, sendo que esta é um pouco mais veloz. Riffs azedos compõem “In the Shadows of Obscurity”, com vocalizações bem pensadas, mas lembrem-se que é característico do grupo mudar de andamentos sempre, como a banda mostra muito bem em “I’m Dead”, onde os vocais mostram ótimo contraste entre o gutural e o rasgado. Guitarras rápidas dão início à brutal “Soul’s Rupture”, que logo fica mais cadenciada e opressiva, mas muito empolgante. Com um insight mais técnico e trabalhado, temos “Destroying the Fucking Disciples of Christ”, mais uma ótima canção. E fechando a tampa do caixão com estilo, uma versão explosiva para “Schizo”, do VENOM, que ganhou uma roupagem atualizada bem mais bruta e rápida que a original.

Valeu a espera, logo, podem adquirir sem medo esta gema preciosa do Metal extremo nacional.



Músicas:

01. War Against Christian Souls 
02. Crucifixion 
03. Eternal Judgement 
04. Dead Generations 
05. End of a Life 
06. Apocalyptic Sentence 
07. Slaves of Christ 
08. Future Memories of a Hell 
09. In the Shadows of Obscurity 
10. I’m Dead 
11. Soul’s Rupture
12. Destroying the Fucking Disciples of Christ
13. Schizo


Banda:

Lord Grave War – Vocais, guitarras, baixo
Juliana Dark Moon – Bateria 


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