28 de abr. de 2016

EGREGOR - Karma (Álbum)


2015
Independente
Nacional

Nota: 10,0/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Enquanto povo da América do Sul, nós no Brasil ainda ignoramos a força e criatividade de nossos vizinhos.

Sim, apesar das nossas similaridades culturais, ainda carecemos de olhar com mais detalhes para nosso continente e vermos a força da cena Sul Americana em termos de Metal. Sim, pois temos por aqui bandas excelentes, como o RATA BLANCA e o CLIMATIC TERRA na Argentina, o THY ANTICHRIST da Colômbia (e que agora está radicado nos EUA), o CURARE no Equador, entre tantas outras. Ou seja, nem só de Brasil vive o Metal Sul Americano.

Sabendo disso, vemos que mais um excelente nome surge no Chile um abalo sísmico em termos de Metal que é capaz de afundar o continente: o excelente quinteto EGREGOR, que após um EP e dois Singles, finalmente chega com seu primeiro disco, "Karma".

Podemos dizer que o quinteto é uma banda que funde a técnica do Prog Metal com o peso agressivo de vertentes mais modernas do Metal, mas sem nunca perder sua essência mais clássica, mais voltada ao Metal tradicional. Bem trabalhado e envolvente, "Karma" ainda é permeado pela força ancestral da cultura dos povos de nosso continente, e embora as temáticas da banda sejam mais abertas, percebe-se que a música do EGREGOR fala-nos direto ao coração. A força seu bojo cultural, aliada à uma música fascinante, trabalhada e envolvente, nos toma de assalto.

Produzido pela vocalista Magdalena Opazo e pelo guitarrista Richard "Ripo" Iturra (que ainda fez a mixagem do disco), mais a colaboração especial de Andrés Goday, e com a masterização feita por Maciej Dawidek nos Nova Studios (na Polônia), podemos dizer que a sonoridade de "Karma" é de primeira. Tudo está claro e audível, com timbres muito bem escolhidos, mas o peso e intensidade estão ali, permitindo que mesmo nos momentos mais densos e agressivos, tudo seja compreendido.

A arte de Pablo Rebolledo é de primeira, evocando em seus elementos todo o conceito lírico do disco.

Um dueto de guitarras com riffs fortes e pesados, baixo e bateria formando uma base rítmica sólida, pesada e com boa técnica, além dos talentosos vocais femininos que se diferenciam de todas as divas pelo uso sábio de seus timbres normais de voz, tudo isso é feito de forma que o trabalho melodioso do quinteto seja de primeira linha. As letras em espanhol permitem uma boa acessibilidade à mensagem da banda, que como citado antes, dá a clara impressão de ser uma imersão total no âmago cultural dos nossos povos irmãos. E enriquecendo ainda mais o disco, temos as presenças de convidados especiais: Martín Romero no charango (instrumento similar à viola) e Quena (um tipo de flauta) em "Karma", Martín Morales na Zampoñas (flauta de vários tubos tradicional dos Andes) em "Karma", Pablo Dominguez na percussão africana em "Ritual", e Héctor León no viejo, e nos vocais inicias de "Ritual".

Destaques?

Sinto muito aos mais chatos, mas "Karma" nasceu um disco muito bem feito em tudo, e a qualidade das músicas do grupo são algo que não abre espaços para críticas negativas.

Só para que se referenciem, cito a ótima "Shunyata" (com alguns tempos não convencionais, cortesia do trabalho de primeira de Alejandro no baixo e Carlos Hidalgo na bateria, mais solos de guitarra bem melodiosos), as melodias modernas e envolventes que surgem em "Inflexion" (como a voz de Magdalena é bela e versátil, verdade seja dita), a etérea e bem arranjada "Karma" com seu clima mais suave (o que privilegia muito os vocais mais uma vez. Mas nos momentos mais certos, as guitarras de Richard e Giancarlo aparecem muito bem), a pesada e cheia de mudanças rítmicas "Ritual", onde a banda como um todo se mostra ótima (é a música de divulgação do disco, com vídeo oficial. Mas reparem como há uma forte aura espiritualizada aqui); a agressividade progressiva contida nas melodias complexas de "Metamorfosis", e as guitarras bem feitas (especialmente os solos) de "Sideral" (outro show de mudanças rítmicas, mostrando que a banda consegue ser entendida. E reparem alguns vocais um pouco mais agressivos ao fundo).

Sim, o EGREGOR veio para ficar, e mesmo sendo um disco de 2015, merece constar na lista de muitos como um dos plays do ano.

Uma excelente revelação! 





Músicas:

1. Shunyata
2. Inflexion
3. Karma
4. Ilumina
5. Awen
6. Ritual
7. Metamorfosis
8. Mascara
9. Sideral
10. La Luz de Oscuros Recuerdos
11. Libera


Banda:


Magdalena Opazo - Vocais
Richard Iturra - Guitarras
Giancarlo Nattino - Guitarras, vocais
Alejandro Heredia - Baixo, didjeridu
Carlos Hidalgo - Bateria


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